quinta-feira, 22 de setembro de 2011

A maré.

   Procurei este lugar por causa das nuvens escuras. Não lembro se deixei algo lá atras. faz tanto tempo. agora é noite, uma noite escura e chuvosa. De um lado vejo a escuridão ameaçadora do mar e do outro o aconchego de algumas casas. Brilham como dentes falhados numa boca infinita. 
Só caminho. Não posso me aproximar das vidraças, assusto. 
O que voce diria a um estranho se ele olhasse para a sua janela?
 
Essa costa é meio corda bamba meio serena, Me convida a caminhar, não posso parar.
 
Quando amanhece, balanço minha carcaça velha e espero. até rio, algo brilha entre aquele monte de poeira e limo que é meu corpo. Igual duas jabuticaba brilhante.
 
De manhã o mar parece menos ameaçador. Dá preguiça, vontade de dormir e recuperar as noites perdidas. O sol vai levantando e nada de café da manhã ou acorde senhor. Talvez ainda estejam dormindo. Dez horas da manhã a fome fala mais alto. Me alimento de um peixe do mar, e muito sentido recomeço meu caminho.
 
Uma voz me chama, acho que é alguém. Vou me aproximando desconfiado, era engano. pelo menos ganho um cigarro.
 
Bem que podia ser o almoço. Sem demonstrar meu desapontamento, vou embora mais uma vez. Penso em mostrar o quanto caminhei, mas o vento havia apagado meus passos mais distantes. Minha palavra não vale muito quando dita a uma pessoa estranha. Logo, é como se acabasse de existir nos lugares onde passo.
 
Nesse litoral, as noites são muito longas em comparação aos dias. Acredito até que os tempos de sol sejam aleatórios. Esse litoral me prega peças.
 
vai anoitecer outra vez, nem deu tempo de entarder.
 
Desta vez, rezo para que o frio e a escuridão voltem logo. pois fez calor, e o máximo que posso fazer é me abanar, não tenho a sombra de uma varanda, nem agua doce para tirar o sal da agua do mar.
 
A distancia é cada vez maior entre eu e a dona do cigarro. Queria uma tempestade de areia para me esconder dela.
 
Quando sua imagem fica pequena o bastante para não poder divisar meus movimentos, olho para trás. So vejo sua silhueta entrando em casa.
 
Nada como uma noite após a outra.
 
Promessas que prometi cumprir!
 
Dessa vez não tomo remédio, caio de joelhos de frente para o mar, olhos injetados e vermelhos. A agonia é indescritível, a confusão.me falta um norte.
 
Tudo se torna engraçado, o mar, as vidraças, os jantares por trás das vidraças, tudo engraçado.
 
Entro num estado de moral catatônica, não tenho noção do que faço, além de rir.
 
O coração aperta no primeiro nível,
 
As lágrimas vem no segundo e secam no terceiro.
 
O quarto é um riso doente.
 
E finalmente chega o quinto!
 
O grito da loucura.
 
Me acalmo e deito em posição fetal. é só o começo do sofrimento. agora são os que fogem da luz do dia, me tocam onde ainda dói, onde nem lembro do que fui.
 
e adormeço.
 
amanhece rápido, mal dá tempo de dormir.
 
dia nublado, meio noite meio dia, me faz lembrar de momentos que nunca vivi.


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