terça-feira, 8 de novembro de 2011

Confesso-lhes, ontem, eu fumei.

Um maço, dois, mentira, um único cigarro. Ele me pareceu tão grande e demorado. Eu precisava, precisava encher o pulmão de alguma coisa desconhecida, alguma coisa que não fossem borboletas inquietas e ousadas querendo saltar do estômago. Precisava tanto transparecer em algum canto, sentir alguma coisa entre os dedos, só para saber como é o sentimento de posse. Precisava sentir alguma coisa entre os dedos finos e compridos, sentir que havia algo ali e que não estava só. O cheiro ruim grudou na minha roupa, não preciso de ninguém me vendo, me sentindo, me beijando ou me tocando.
Eu chorei, e ninguém ouviu. A lua desapareceu do meus olhos, e num descuido minh’alma se foi pra distante. Os corpos celestes mais formosos ainda sorriam. Continuo me apoiando no escuro do meu quarto, soluçando em choro, e fraquejando a voz aos céus. Não suportei ouvir nada além do meu timbre tenebroso e escandaloso na minha cabeça. Eu queria gritar. Mas, não podia. Eu me canso fácil, tu sabes, sabes também desse meu medo imenso da solidão. Tenho medo de estar completamente só. Não de ser. ”Eu preciso colocar essa blusa p’ra lavar…” E agora? E agora de vale esse meu pulmão transbordando uma fumaça fétida? Eu precisei, eu disse…  Não brigue comigo. Como se você se importasse se eu fico mais bonita ou não, com um cigarro entre os dedos. A única coisa que deveria estar entre meus dedos é você.
Mas agora faz silêncio, para minha alma adormecer dentro do seu pensamento. Essa bala atravessou meu peito, num tiro certo. O paraíso me recusa por ser assim, tão inconstante e estúpida. Choremos. E deixemos que o dia amanhã nasça um pouco mais branco do que preto.


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